COMPORTAMENTO

 

            Uma pesquisa de opinião junto a 2000 entrevistados do Rio de Janeiro e São Paulo revelou que os brasileiros destas duas capitais guardam dentro de si um forte sentimento saudosista. Realmente parece que se vivia melhor décadas atrás, e um dos motivos dessa suspeita qualidade de vida seria o bom trato entre as pessoas. “Hoje se vive com o próximo na base da cotovelada” (Ator Mário Lago)

            Na verdade imaginamos a educação como algo que se adquire nos bancos escolares, o que de certa forma não deixa de ser verdade, todavia, o que os bancos escolares nos transmitem é uma formação técnica, ou seja, a pessoa pode ser um excelente engenheiro e não possuir educação.

            Educação é algo mais transcendente, os antigos tinham uma forma pratica de definir esta posição, diziam: “ esta pessoa não teve berço”.  Em verdade a plena educação implica em algo que falta nos nossos dias, as pessoas estão cada dia mais egoístas e individualistas. Esta faltando uma base humanística nos nossos conhecimentos. Lia Luft traduz muito bem esta realidade quando diz: “ Nisso reside nossa possível tragédia: o desperdício de uma vida com seus talentos truncados  se não conseguirmos ver ou não tivermos audácia  para mudar para melhor – em qualquer  momento, e em  qualquer idade”.

            Por que em nossos dias está crescendo a depressão e as doenças cardiovasculares? Porque as pessoas estão vivendo sob pressão, a sociedade como um todo exige cada dia que as pessoas consumam mais, quem não acompanhar os valores estipulados pelas técnicas de marketing tem medo de ser qualificado como fora de moda, quem sabe uma pessoa quadrada!

            Será que é tão necessário trocar de carro todo ano? Há pessoas que se tornam devedoras das instituições bancarias apenas para trocar de carro. Os filhos não possuem mais limites tudo o que querem tem que ser adquirido.

            Os adultos estão tão envolvidos em seus trabalhos que não possuem mais tempo para ler um livro, assim sendo as dificuldades para estar a par do que se passa no mundo cada dia fica mais distante. Sabem apenas as informações muitas vezes tendenciosas dos noticiários locais.

            Ninguém é uma ilha, todos necessitamos de comunicação, mais as pessoas não mais se comunicam, existe apenas as conversas que giram em torno do trabalho, fora disso não há mais o que conversar. Em verdade se não lemos nada, se vivemos fechados e não partilhamos nada, o nosso mundo fica muito restrito. Sem falar na dificuldade para a comunicação que algumas pessoas possuem naturalmente. 

            A educação humanística que falta nos currículos escolares poderia preparar as pessoas para um convívio mais harmonioso. Não se respeita mais as pessoas idosas. Não existe a sensibilidade no convívio com as pessoas, nos tornamos verdadeiros corações de pedra, sem sensibilidade e capacidade de interagir com as pessoas. “ A nave espacial Terra não transporta passageiros. Somos todos tripulantes”. (Marshall Mc Luhan –Sociólogo Canadense)

            A Terra será cada dia melhor se nós formos a cada dia melhores. Se cada um fizer uma pequena parte, quem sabe começaremos a enxergar os nossos dias com um colorido diferente. Com certeza a nossa saúde ira melhorar e o convívio com as pessoas será mais fácil. Um sorriso não custa nada e nos faz tão bem. Existem pessoas que são mais azedas do que vinagre; o que é muito triste para elas e para as pessoas que são obrigadas a conviver com tanto azedume.

            Esta mais do que na hora das pessoas conscientes darem um basta em tudo o que está por aí. Temos que tomar a nossa posição e não ficarmos apenas concordando com o que esta se passando à nossa volta. Caso contrario, estaremos como os cincos macacos que um grupo de cientistas usou para uma experiência: Colocaram cinco macacos em uma jaula. No meio, uma escada e sobre ela um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado em cima dos que estavam no chão.

            Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancada. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.

            Um segundo macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato.

            Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto e afinal, o último dos veteranos, foi substituído. Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: “Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui”

            Só que nós não somos macacos, podemos tomar uma posição e não ficar com medo de se renovar, de ser uma pessoa melhor, de dar mais atenção aos verdadeiros valores da vida, sair do marasmo e da monotonia de uma vida sem sentido. Não viemos aqui apenas para comer, tirar um diploma para pendurar na parede, comprar meia dúzia de bugigangas e depois morrer, não, a nossa vida é muito maior do que nos insinua as medíocres propagandas da televisão.

 

 

      Paulo Mascarenhas