Por que as Guerras entre  Religiões?

 

Na verdade, a violência sempre foi uma constante nas religiões, não porque isso seja necessário, mas sim porque o ser humano é um ser em constante aprimoramento e ainda não está preparado para entender o verdadeiro sentido da espiritualidade.

Hoje as pessoas imaginam um sentido para a vida, mas não conseguem visualizar este sentido sem que os seus principais valores passem pela meta do “ter”, ou seja, para que eu seja alguma coisa nesta sociedade em que vivo, primeiramente a minha principal meta terá que ser direcionada para a aquisição de uma grande quantidade de bens materiais. E estes bens devem ser consumidos com grande voracidade, para que imediatamente eu possa adquirir mais bens.

Os nossos filhos, por assimilação, passam a seguir os mesmos objetivos. Quando o jovem liga a televisão, o que ele vê?  Ele passa a constatar que as pessoas consideradas vitoriosas são aquelas que ganham bastante dinheiro e estão usando os carros da moda, as roupas da moda, convivem com pessoas famosas, enfim, tudo gravitando em torno de bens materiais.

E aí perguntamos: por que as religiões estão falhando no sentido de orientar as pessoas na verdadeira motivação para a vida? O que dizer do Cristianismo, Judaísmo e do Islamismo?  Porque tanto confronto entre estas três religiões? Evidentemente que não tenho a menor pretensão de nestas poucas palavras ir a fundo nestas diferenças, mas apenas dar um pequeno vislumbre, tendo em vista o meu conhecimento sobre o assunto em pauta.

No cristianismo devemos entender que o Deus da Bíblia não é humano, isto é uma conclusão elementar, qual seja, o Deus da Bíblia não possui a lógica humana pelo simples fato de que Ele não é humano, e portanto, não podemos esperar lógica nas atitudes deste Deus. Pois a lógica é humana. Creio que Deus possui uma lógica, só que a Sua lógica jamais será igual à nossa. Portanto fica bem claro que nós não podemos entender a lógica de Deus. Este é um primeiro ponto no sentido de começarmos a entender por que temos dificuldade em perceber muitas coisas que se passam a nossa volta.

Não existe nada mais puro e lindo do que o Sermão da Montanha. Vemos, assim, que Jesus nos deixou todos os ensinamentos que seriam necessários para que as pessoas vivessem em perfeita harmonia uns com os outros. Tivéssemos nós capacidade para praticar a metade dos ensinamentos de Jesus, e já estaríamos com a possibilidade de uma vida mais rica em relacionamentos e alegrias. Santo Agostinho deixa bem claro em “Confissões” o porquê de nossas fraquezas:

“Eu pecava, porque em vez de procurar em Deus os prazeres, as grandezas e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso, precipitava-me na dor, na confusão e no erro”.

Os indicadores atuais em relação ao futuro da terra são aterrorizantes, e alguns cientistas dão como data limite o ano de 2035, dizendo que a partir daí as circunstâncias de vida para o sistema terra não mais será possível. 

É triste constatar que o ser humano insiste em repetir os mesmos erros do passado. Estamos passando o mesmo momento que passou a civilização do Império Romano, ou seja, estamos nos deixando atropelar pelo prazer, o excesso e o luxo das comodidades. As conseqüências imediatas deste comportamento são as lutas sociais e as conseqüentes guerras que enchem as pessoas de medo e pavor. E na seqüência, os planos de Deus para o homem são trocados pelo plano qüinqüenal.

O ateísmo, a incredulidade, a insensibilidade não são mais exceções que escandalizam e sim atitudes banais que não mais chamam a atenção. Nietzsche dizia que Deus havia morrido e que este era o fenômeno mais importante dos tempos modernos; não esqueçam que isso foi a cerca de cem anos atrás. O que vemos hoje? As pessoas vivem como se Deus não existisse. Ou melhor , os que dizem acreditar que Ele existe, querem fazer de Deus, o instrumento de suas vontades, como se fosse possível  algum ser humano manipular Deus.

Se as pessoas escapam das Igrejas, com certeza as Igrejas não irão reconquistar o mundo com as armas do mundo.Se os padres, pastores, rabinos e orientadores espirituais são como todo mundo, se eles participam do desespero de todo mundo, então eles não servem para mais nada.A justiça enunciada em nome de Deus é uma justiça sobrenatural.

A civilização do consumo e a moral em que tudo é permitido e que nada se exige das pessoas, privou-as da vida e assim a criatura humana está engolfada na insignificância.  Dostoievski colocou na boca de um de seus personagens uma palavra decisiva para a compreensão da nossa época. “Se Deus não existe, tudo é permitido”.

E o que falar do Judaísmo? O conflito entre Árabes e Judeus a cada dia escandaliza as pessoas ao redor do mundo.Que Deus é esse que necessita impor a Sua vontade através da destruição de outras pessoas?

O Judaísmo, como instituição religiosa, apareceu após o grande exílio da Babilônia; os termos Judeus, Hebreus e Israelitas, são usados para referir-se a um único povo. Durante o cativeiro da Babilônia, o termo Judeu designava toda pessoa que pertencesse ao povo de Israel ou quem, pela tradição, se considerasse etnicamente ligado a uma das doze tribos dos filhos de Jacó.

Abraão é conhecido como o fundador da religião judaica, fundação esta que aconteceu por volta do século XIII a .C, em Canaã. Ou seja, já na terra prometida após passarem quarenta anos no deserto. Na época das tribos vemos o povo israelita enredado em diversas desordens, e é lógico que todos estes conflitos eram atribuídos à causa de Iahweh.

O Deus da fé judaica é o Deus que falou a Israel e que estabeleceu as relações entre Israel e Ele próprio e que se fez reconhecer, para por meio dele, manifestar-se ao mundo. Melhor dizendo, o Judaísmo existe para proclamar esse Deus que lhe falou. A religião judaica, é uma religião histórica: “Funda-se na revelação feita por Deus a determinados homens, em determinados lugares e circunstâncias, e nas intervenções de Deus em determinados momentos da evolução humana.”.[1]

No ano 1000 a .C , a monarquia foi introduzida em Israel pelo rei Saul, e alcançou seu ponto alto durante os reinados de Davi, que fortificou a tradição judaica , e de Salomão, que fez o primeiro Templo de Jerusalém para guardar a Arca da Aliança.

“É graças sobretudo à obra de Esdras que a comunidade judaica encontrou a forma de religião conhecida hoje como judaísmo.” [2] 

 

 

Paulo Mascarenhas



[1] Introdução ao Pentateuco da Bíblia de Jerusalém.São Paulo:Paulinas, 1994.

[2] Bright,J. História de Israel.2.ed.São Paulo:Paulinas, 1981