O TRABALHO E AS EMPRESAS

 

 

            Quando poderíamos imaginar que as Empresas teriam que desenvolver um grande trabalho no sentido de administrar a sua área de recursos humanos de uma maneira completamente diferente do que vem fazendo por muitos e muitos anos?

            Hoje se faz necessário o estabelecimento de alianças estratégicas para conciliar o interesse maior, que é o crescimento da Empresa. Como ensina um Diretor da área de RH: “As empresas tenderão a contratar pessoas mais pela integridade e criatividade que pela qualificação técnica”. E quem tocará estas mudanças? Com certeza serão as pessoas de RH.

            Em 2000, cerca de 462.000 empresas aplicaram 4,5 bilhões de reais em investimento social. Um valor um pouco menor que os 4,7 bilhões de reais que o presidente Lula pretende gastar por ano com o programa Fome Zero.

            Na área do petróleo, a demanda por mão de obra está crescendo a cada ano. Até o fim da década,a indústria de petróleo vai gerar cerca de 250 000 novas vagas que serão abertas em diferentes áreas.Brasileiros estarão sendo preparados para ocupar o lugar dos estrangeiros. Não se justifica que se traga estrangeiros a peso de ouro, com tanta mão de obra competente em nosso país.

            Será que as empresas estão exercendo alguma liderança positiva sobre seus empregados?     

No que diz respeito à capacidade de liderança no trabalho, há muito a ver com o conceito do que seja liderar. Para liderar não basta desejar ser seguido; é preciso que as pessoas queiram seguir a liderança. Só poderemos liderar com participação.

Será que os funcionários de muitas empresas se sentem co-participantes de todo o sistema? Muito provável que não.

É importante que as empresas demonstrem através de atos e atitudes uma participação integrada com o grupo. Não esquecendo o que dizia Albert Einstein “O único lugar aonde o sucesso vem antes de trabalho é no dicionário”. 

            Será que as empresas não pretendem ter sucesso? É obvio que sim.Todavia, como será o caminho para esse sucesso? Com certeza será através de seus diretores, gerentes e de todas as pessoas em uma espiral de cima para baixo, demonstrando através de atos e atitudes o quanto elas são importantes.

Nenhuma empresa pode crescer sem o apoio e interesse de seus funcionários. Todos são importantes e se fazem necessários, mas o que falta para as pessoas “vestirem a camisa”?

            Existem empresas que fazem uma administração unilateral, ou seja, passam por cima das pessoas que estão realmente participando da área operacional. Tomam medidas de cima para baixo, sem procurar saber a opinião de tantas pessoas que poderiam enriquecer com suas experiências os aspectos que capacitariam a empresa a se posicionar em destaque perante as concorrentes.

            O mundo empresarial de hoje não apresenta os mesmos conceitos e valores do século passado, fazendo-se necessária uma nova diretriz para as empresas que pretendam ser vitoriosas com tanta competitividade. A lei do mais forte muitas vezes não funciona neste contexto atual.

             

Sabemos o quanto a informação influencia a tomada de decisão por parte de todas as pessoas, desde as nossas compras no supermercado até onde vamos trabalhar. Se uma empresa possui uma má fama, administrativamente falando, com certeza terá dificuldades para contratar pessoas de um excelente gabarito. Que tipo de profissional sobrará para esta empresa?

O Brasil de hoje figura entre as 12 maiores economias do mundo. Mas por ironia do destino , devido à péssima distribuição de renda, e de posicionamentos esdrúxulos por parte de muitas empresas: vemos pessoas exercendo o mesmo trabalho em uma empresa e recebendo quase a metade do que paga a concorrente.  O que significa isto? Significa que os nossos empresários precisam se atualizar quanto ao que está exigindo o mercado, ou ficarão para trás.

Não se trata de questionar o que pode ou não pode pagar certas empresas, e sim, até onde querem chegar estas empresas. Não se pode imaginar que uma empresa cresça, atendendo as exigências atuais com profissionais de baixo nível.

Também não podemos imaginar que basta um excelente salário, é preciso que haja uma política de manutenção preventiva e corretiva. Assim como uma política de aprimoramento e cursos de atualização para todos os funcionários, sem esquecer que a parte social e de atendimento do funcionário hoje é algo que empresa alguma pode esquecer.

Não está fácil ser competitivo no mundo de hoje. Quem quiser crescer deve seguir a onda do momento. E a onda do momento é que as pessoas  constituem no maior patrimônio de uma empresa.

O que estamos vendo acontecer no governo do presidente Lula? Porque Lula está sendo reverenciado em todos os países europeus? Tenham certeza que é porque pela primeira vez na história deste país, um governo começou colocando o ser humano como meta prioritária, não só no seu programa de governo, como em todas as atitudes que vem tomando desde que iniciaram o mandado outorgado por milhões de brasileiros. Até os que votaram no candidato opositor estão de acordo com o que Lula está fazendo.

Acabaram-se os tempos do chicote, hoje é vale quanto pesa. Todos os governos que administraram seus países na base da ditadura e da força acabaram se deteriorando. Façamos um exercício de imaginação e vamos ver que existem muitas empresas forçando uma escravidão econômica. Tirando das pessoas tudo e oferecendo o mínimo em troca. Não se admite mais exploração de espécie alguma. Ou valorizamos o ser humano ou ficamos para trás, sem ninguém.

Não se deseja para empresa alguma que ela tenha prejuízo,mas que valorize as pessoas e lhes dê um mínimo de dignidade.

Chega de valorizar as pessoas apenas nos discursos e nas propagandas pagas e que se  mostre na prática o quanto estas pessoas são importantes.

Alguém pode estar imaginando: quem escreveu este ensaio está por fora da realidade!  Querem ouvir a realidade!? Pois aí está:

“Segundo Boletim Estatístico de Acidente do Trabalho do INPS, a situação é simplesmente de estarrecer. O trabalho que deveria ser um meio de vida, no Brasil é um meio de morte: 1996 – 428.072 acidentes e 5.538 mortes significando 15 trabalhadores mortos por dia.” (Trecho da palestra do Procurador Regional do Trabalho do Goiás, Dr. Edson Braz, publicada no site do Ministério Publico do Trabalho)

 

“Pelo levantamento dos ministérios do Trabalho e da Previdência, que inclui apenas o mercado formal, 2.898 trabalhadores morreram em 2002, vitimas de acidentes de trabalho e 15.029 ficaram inválidos”. (O Globo, Geraldo Doca, 28/04/2004)

Por tudo isso vemos o grau de urbanidade de muito dos empregadores em nosso país e o valor que é dado por eles à saúde e à vida dos trabalhadores.

Não estou de maneira alguma fazendo aqui a apologia do descrédito dos empresários: quero sim, louvar e engrandecer as Empresas que ao longo de suas trajetórias têm demonstrado o quanto é possível ganhar muito dinheiro e ao mesmo tempo deixar os seus funcionários orgulhosos de fazerem parte de seus quadros.

            “Pecar pelo silêncio, quando devemos protestar, torna os homens covardes”. Ella Wheeler Wilcox

 

 

 

 

Paulo Mascarenhas