DISLEXIA

 

        Quando alguém fala esta palavra muitas pessoas pensam que é uma doença, mas na verdade não é. Nos impressiona é saber que cerca de 15 milhões de pessoas são disléticas, ou seja, quase 9% da população brasileira.

                         O que vem a ser dislexia? É a incapacidade parcial da criança de compreender o que lê; a dislexia tem um componente genético, a não ser em um caso de AVC.

          As crianças com dificuldade para ler, normalmente são pessoas que tendem a se isolar; algumas vezes passam a ser agressivas e por falhar na leitura evidentemente possuem dificuldade nas disciplinas escolares, o que não as impede de serem superdotadas, como veremos mais adiante: casos de pessoas que eram disléticas e que foram gênios.

       O incrível é que se constatou que milhares de crianças possuem comportamentos anti-sociais exatamente devidos a sua limitação, e na continuidade começam a ter amizades com pessoas com limitações parecidas. Daí o seu comportamento tende a ser um comportamento agressivo e que desagrada às pessoas, principalmente aos pais.

       Uma criança com dificuldade para ler não é uma portadora de deficiência; a dislexia é uma condição humana, como ser canhoto, mas não será por isso que não se devam tomar as devidas providências. É importante que o diagnóstico da dislexia seja precoce, pois caso contrário esta criança poderá apresentar no futuro problemas tais como os de ordem afetiva, lingüística e emocional.

       Quando se constatar que a criança é saudável e inteligente mas com dificuldade para ler e entender, devemos logo tomar as providências necessárias. As crianças disléticas possuem má caligrafia.

       Uma revista chamada “Jornal of Medical Genetics” da Inglaterra, diz que são quatro os genes de suscetibilidade à dislexia: o DYX1, o DYX2, o DYX3 e o DYX4. Assim sendo, podemos imaginar que com a clonagem dos genes, os geneticistas irão chegar à natureza e à freqüência dos genes envolvidos nas alterações de leitura e linguagem. A descoberta do gene e de seu funcionamento é de grande necessidade para a pedagogia da leitura.

       Não se pode imaginar uma cura (por não ser doença), todavia poderá haver uma reorientação para a área médica e os professores poderão participar pedagogicamente.

       Hoje os pesquisadores do Projeto Genoma Humano descobriram que os componentes genéticos estão entrelaçados com os problemas de leitura e escrita.

    Temos que ter a consciência de que, no futuro, a capacidade de ler e escrever continuará tão ou mais necessária do que é hoje para a pessoa que desejar vencer profissionalmente. No momento histórico em que vivemos, a capacitação intelectual é sinônimo de possibilidade de emprego.

    O Dr.Vicente Martins (Professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú {UVA}, de Sobral, Estado do Ceará) nos ensina os dez passos na direção de uma pedagogia do desenvolvimento das crianças disléxicas.

A seguir nas linhas abaixo transcrevo integralmente os ensinamentos do Dr.Vicente Martins :

“1º - Aprimorar o educando como pessoa humana – A nossa grande tarefa como professor ou educador não é a de instruir, mas a de educar nosso aluno como pessoa humana, como pessoa que vai trabalhar no mundo tecnológico, mas povoado de corações, de dores, incertezas e inquietações humanas.
         A escola não pode se limitar a educar pelo conhecimento destituído da compreensão do homem real, de carne e osso, de corpo e alma.
         De nada adianta o conhecimento bem ministrado em sala de aula, se fora da escola, o aluno se torna um homem brutalizado, desumano e patrocinador da barbárie. Educamos pela vida como perspectiva de favorecer a felicidade e a paz entre os homens.

2º - Preparar o educando para o exercício da cidadania – Se de um lado, primordialmente, devemos ter como grande finalidade do nosso magistério o ministério de fazer o bem às pessoas, fazer o bem é preparar nosso aluno para o exercício exemplar e pleno da cidadania.
        O cidadão não começa quando os pais registram seus filhos no cartório nem quando os filhos, aos dezoito anos, tiram sua carteira de identidade civil;a cidadania começa na escola, desde os primeiros anos da educação infantil e se estende à educação superior, nas universidades; começa com o fim do medo de perguntar, de inquirir o professor, de cogitar outras possibilidades do fazer, enfim, quando o aluno aprende a fazer , a construir espaço de sua utopia e a criar um clima de paz e bem-estar social, político e econômico no meio social.

3º - Construir uma escola democrática – A gestão democrática é a palavra de ordem na administração das escolas. Os educadores que atuarão no novo milênio devem ter na gestão democrática um princípio em que não arredam pé, não abrem mão.
        Quanto mais a escola for democrática, mais transparente. Quanto mais a escola é democrática, menos erra, tem mais acerto e possibilidade de atender com eqüidade as demandas sociais. Quanto mais exercitamos a gestão democrática nas escolas, mais no preparamos para a gestão da sociedade política e civil organizada.
       Aqui, pois, reside uma possibilidade concreta: chegar à universidade, concluir um curso de educação superior e estar preparado para tarefas de gestão no governo do Estado, nas prefeituras municipais e nos órgãos governamentais.
       Quem exercita a democracia em pequenas unidades escolares, constrói um espaço próprio e competente para assumir responsabilidades maiores na estrutura do Estado. Portanto, quem chega à universidade não deve nunca descartar a possibilidade de inserção no meio político e poder exercitar a melhor política do mundo, a democracia.

4º - Qualificar o educando para progredir no mundo do trabalho – Por mais que a escola qualifique seus recursos humanos, por mais que adquira o melhor do mundo tecnológico, por mais que atualize suas ações pedagógicas, estará marcando passo frente às novas transformações cibernéticas, mas a escola, através de seus professores, poderá qualificar o educando para aprender a progredir no mundo do trabalho, o que equivale a dizer a oferecer instrumentos para dar respostas, não acabadas ( porque a vida é processo inacabado) às novas demandas sociais, sem medo de perdas, sem medo de mudar, sem medo de se qualificar, sem medo do novo, principalmente o novo que vem nas novas ocupações e empregabilidade.

5º - Fortalecer a solidariedade humana – É papel da escola favorecer a solidariedade, mas não a solidariedade de ocasião, que nasce de uma catástrofe, mas do laço recíproco e cotidiano e de amor entre as pessoas. A solidariedade que cabe à escola ensinar é a solidariedade que não nasce apenas das perdas materiais, mas que chega como adesão às causas maiores da vida, principalmente às referentes à existência humana.
         Enfim, é na solidariedade que a escola pode desenvolver, no aluno-cidadão, o sentido de sua adesão às causas do ser e apego à vida de todos os seres vivos, aos interesses da coletividade e às responsabilidades de uma sociedade a todo instante transformada e desafiada pela modernidade.

6º - Fortalecer a tolerância recíproca – Um dos mais importantes princípios de quem ensina e trabalha com crianças, jovens e adultos é o da tolerância, sem o qual todo magistério perde o sentido de ministério, de adesão aos processos de formação do educando.
       A tolerância começa na aceitação, sem reserva, das diferenças humanas, expressas na cor, no cheiro, no falar e no jeito de ser de cada educando.
      Só a tolerância é capaz de fazer o educador admitir modos de pensar, de agir e de sentir  diferentes dos de um indivíduo ou de grupos determinados, políticos ou religiosos.

7º - Zelar pela aprendizagem dos alunos – Muitos de nós, professores, principalmente os do magistério da educação escolar, acreditamos que o importante, em sala de aula, é o instruir bem, o que pode ser traduzido, ter domínio de conhecimento da matéria que se ministra.
        No entanto, o domínio de conhecimento não deve estar dissociado da capacidade de ensinar, de fazer aprender. De que adianta o conhecimento e não saber, de forma autônoma e crítica, aplicar as informações?
       O conhecimento não se faz apenas com metalinguagem, com conceitos a, b ou c, e sim, com didática, com pedagogia do desenvolvimento do ser humano, sua mediação fundamental.
       O zelo pela aprendizagem passa pela recuperação daqueles que têm dificuldade de assimilar informações, sejam por limitações pessoais ou sociais. Daí, a necessidade de uma educação dialógica, marcada pela troca de idéias e opiniões, de uma conversa colaborativa em que não se cogita o insucesso do aluno.
       Se o aluno fracassa, a escola também fracassou. A escola deve riscar do dicionário a palavra FRACASSO. Quando o aluno sofre com o insucesso, também fracassa o professor. A ordem, pois, é fazer sempre progredir, dedicar-se mais do que as horas oficialmente destinadas ao trabalho e reconhecer que nosso magistério é missão, às vezes árdua, mas prazerosa, às vezes sem recompensa financeira condigna que merecemos, mas que pouco a pouco vamos construindo a consciência na sociedade, principalmente a política, de que a educação, se não é panacéia, é o caminho mais seguro para reverter as situações mais inquietantes e vexatórias da vida social.

8º- Colaborar com a articulação da escola com a família – O professor do novo milênio deve ter em mente que o profissional de ensino não é mais pedestal, dono da verdade, representante de todos os saberes, capaz de dar respostas para tudo. Articular-se com as famílias é a primeira missão dos docentes, inclusive para contornar situações desafiadoras em sala de aula.
       Quanto mais conhecemos a família dos nossos alunos, mais os entendemos e mais os amamos. Uma criança amada é disciplinada. Os pais, são, portanto, coadjuvantes do processo ensino-aprendizagem, sem os quais nossa ensinança fica coxa, não vai adiante, não educa.
        A sala de aula não é sala-de-estar do nosso lar, mas nada impede que os pais possam ajudar nos desafios da pedagogia dos docentes nem inoportuno é que os professores se aproximem dos lares para conhecerem de perto a realidade dos alunos e possam juntos, pais e professores, fazer a aliança de uma pedagogia de conhecimento mútuo, compartilhado e mais solidário.

9º - Participar ativamente da proposta pedagógica da escola – A proposta pedagógica não deve ser exclusividade dos diretores da escola. Cabe ao professor participar do processo de elaboração da proposta pedagógica da escola até mesmo para definir de forma clara os grandes objetivos da escola para seus educandos.
     Um professor que não participa, se trumbica, se perde na solidão de suas aulas e não tem como se pensar como ser participante de um processo maior, holístico e globalizado. O mundo globalizado, para o professor, começa por sentir-se parte no seu chão das decisões da escola, da sua organização administrativa e pedagógica.

10º - Respeitar as diferenças – Se de um lado, devemos levantar a bandeira da tolerância, como um dos princípios do ensino, o respeito às diferenças conjuga-se com esse princípio, de modo a favorecer a unidade na diversidade, a semelhança na dessemelhança. Decerto, o respeito às diferenças de linguagem, às variedades lingüísticas e culturais, é a grande tarefa dos educadores do novo milênio.”
         
           O professor Dr.Vicente Martins aponta a dislexia como a maior causa do fracasso escolar, pois ela é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. Na verdade, como a dislexia não é uma doença, não se pode falar em cura. Ela é congênita e hereditária.

            Pessoas famosas com dislexia:

            Albert Einstein, Leonardo da Vinvi, Thomas Edison, Alexander Granhan Bell, Tom Cruise (chegou a freqüentar 15 escolas), Winston Churchil e Whoop Goldberg.

            Para saber com mais profundidade sobre dislexia, podem escrever para o Dr.Vicente Martins seu endereço eletrônico é:

            vicente.martins@uol.com.br

 Seu Web site:

            Deslexiologia.hpg.com.Br

            Que possamos ter compreensão com as pessoas que possuem em suas vidas esta dificuldade da dislexia.

 

 

 

 

 

Paulo Mascarenhas