D I N H E I R O

Com certeza, praticamente 90 % da violência gerada no mundo envolve o dinheiro, motivo pelo qual as nações consideradas de primeiro mundo se impõem pelo poder econômico e pela tecnologia que não partilham com ninguém e quando oferecem alguma informação tecnológica o que exigem em troca, muitas vezes, beira à intromissão na soberania dos Países “ajudados”.

Por que as pessoas se envolvem em tantas violências por dinheiro? É possível que seja pela inversão de valores que o capitalismo selvagem impôs a todos?! O consumismo de tal maneira se agigantou que não sabemos viver sem tantas compras.

O violento desequilíbrio sócio-econômico e a distância cada vez maior dos que têm para os que não têm, acabam gerando comportamentos dos mais diversos, variando de pessoa para pessoa, embora a essência do problema seja a falta de emprego. Cerca de 70% da população economicamente ativa ganha menos de R$ 300,00 por mês.

Observa-se que o dinheiro público que é administrado pelo próprio governo, contribui para que o distanciamento dos que têm para os que não tem cada vez aumente mais.

A gana por dinheiro é tão grande que até o próprio governo tributa o povo de tal maneira, que em 2002, de cada R$ 1.000,00 reais recebidos R$ 358,40 eram destinados ao pagamento de impostos, segundo o IBPT (Instituto Brasileiro do Planejamento Tributário) .

O dinheiro que pertence à classe trabalhadora que fica no FGTS rende em torno de 10 % ao ano. Todavia, quanto ao dinheiro que está nas mãos dos banqueiros, permite-se cobrança de juros de até 11 % ao mês. Ou seja, o dinheiro da classe trabalhadora não tem valor, não obstante, para o dinheiro que está em poder dos ricos (banqueiros,grandes empresários, financeiras e etc) permitem-se cobranças a juros estratosféricos.

Como se não bastasse, serão usados agora recursos do BNDES para financiar as dívidas de empresas de comunicação, como a Globo que receberá do BNDES quase 100 milhões a juros subsidiados com dinheiro público. Isto é inacreditável, pois as pequenas empresas que realmente empregam neste país estão à beira da falência, por não agüentarem tanta carga tributária.

O mais triste é que todos sabem que esta tremenda violência que o governo faz, tributando de uma maneira tão brutal, tanto as empresas como as pessoas físicas, só faz com que a sonegação aumente cada vez mais, o que também é um incentivo à corrupção de alguns dos encarregados de fiscalizar esta tributação, que insinuam que com uma “pequena contribuição” todos os livros da empresa são aprovados com louvor. E assim, o governo perde uma quantia muito superior a que arrecada com tanta pressão. Fosse uma cobrança justa, muitas pessoas que sonegam não teriam mais esta postura.

Há países em que a tributação pode chegar até a 45 %, mas a diferença é que nestes países, os serviços públicos funcionam. Aqui, o governo não consegue manter serviços públicos mínimos e essenciais como segurança, saúde e educação; aliás, estes serviços talvez estejam entre os piores dos países considerados civilizados.

E o descaso que existe com a corrupção? Onde se encontra o dinheiro dos anões do orçamento? Onde estão os bilhões que desapareceram do Banespa? E o dinheiro que foi surrupiado pelo Juiz Lalau? Os milhões desaparecidos de órgãos públicos para financiar campanhas políticas? O dinheiro de contratos públicos em que vazam as propinas para as caixinhas de grupos políticos?A lista é muito grande. Se todo este pessoal fosse para a cadeia e os seus bens cassados, os que possuem vocação para surrupiar o dinheiro público, pensariam duas vezes.

Por que será que tanto se privatizou neste país? A Telmex (gigante mexicana de telecomunicações) arrematou por R$ 1 bilhão a Embratel e por R$ 1,8 bilhão a BCP (telefonia celular).

Por que será que se criou uma rede de contratos públicos com licitações de cartas marcadas.?“...os vencedores foram, em muitos casos, empresas de petistas, amigos de petistas ou ex-funcionarios públicos de alma petista que viraram empresários para fazer negócios com os governos estaduais e municipais e o comando do partido...” (Rui Nogueira- Jornalista)

Por dinheiro, é incrível como as pessoas esquecem completamente o sentido de dignidade e honra e vendem até a alma. Não há crime algum em que as pessoas queiram melhorar financeiramente, mas pelo amor de Deus, não vendam suas almas, para que um dia não tenham que fazer o que fez aquela pessoa que se envolveu com o escândalo dos fiscais no Rio de Janeiro ( o Silveirinha). Esta pessoa entrou na justiça para que fosse tirado o sobrenome dele do seu filho, para que no futuro ele não se envergonhasse do sobrenome do pai.

Será que valeu a pena este Silveirinha ter feito tanta picaretagem para parar na cadeia e perder todos os seus bens? E aquele juiz Lalau do caso da justiça? Uma pessoa que tinha todo o status de alta dignidade, que aonde chegasse era tratado de Excelência e de repente ser ridicularizado em todo o país ( Juiz Lalau); parar atrás das grades, e ter seus bens cassados?

“O Ministério Público está convicto de que o prefeito Celso Daniel foi uma vítima de tamanho correspondente ao esquema, e ao desvio, montado em Santo André.” (Rui Nogueira – Jornalista)

Como vivemos momentos de insegurança, como o medo da falta de aposentadoria, de tratamento de saúde, da perda do emprego; medo da doença e da violencia, as pessoas acabam obcecadas por todos estes ingredientes. Assim imaginam que devam desesperadamente correr atrás do dinheiro.

Este afã pelo dinheiro faz com que as pessoas acabem por desperdiçar o melhor de suas vidas.Quantas milhares de horas perdidas do convívio com as pessoas amadas, dos amigos queridos, dos afazeres que nos dariam tantas alegrias, de participar de celebrações preciosas, de assistir a uma boa peça teatral, a uma opera, a um congresso, a uma reunião familiar, enfim, milhares de coisas que tornam a vida digna de ser vivida.

Perguntado as razões que impediam o Brasil de crescer, o economista Celso Furtado respondeu: “Uma combinação de juros altíssimos com uma concentração de renda brutal. São os maiores obstáculos ao crescimento. A política de juros simboliza nossa covardia diante da situação internacional”.

Que possamos dar ao dinheiro apenas a atenção que ele merece e jamais seremos seus escravos.E não esqueçamos o que disse certa vez Monteiro Lobato: “ Um país se faz com homens e livros”.

Paulo Mascarenhas