Outro dia lia a entrevista que o Sr. Larry Summers (Secretário do Tesouro dos Estados Unidos) deu à revista Veja. Dizia ele que : “Estamos vivendo um período da história humana no qual as nações em desenvolvimento têm tudo para alcançar os países desenvolvidos”. Como vamos alcançar algum país desenvolvido se a elite dominante é detentora de uma concentração de renda cada vez maior? O Brasil continua sendo um país que apresenta as maiores desigualdades.
Em 1715, o rei Luiz XV, ao morrer deixou o Tesouro Nacional em completa miséria. Vemos assim que é antigo o hábito de saquear o dinheiro público. A ganância de uma quantidade mínima de pessoas pode levar o país a bancarrota. O que vemos acontecer com a Argentina é um retrato do que pode fazer para o país uma elite corrompida e gananciosa, para qual o limite da ambição é o infinito.
A pobreza alcançou quase a metade da população da Grande Buenos Aires, pois cerca de 49% dos argentinos dessa região , a mais populosa do país, vivem atualmente abaixo da linha de pobreza., o que nos dá um numero de quase 6 milhões de pessoas.
Por que se permite que as pessoas saqueiem o patrimônio Nacional e que todos observem atônitos que a impunidade é garantida por essa elite corrompida que age na certeza da impunidade?
O caso Roseana Sarney é apenas um pequenino fragmento do que se passa no macrocósmico mundo da corrupção nacional. Por que uns são mais brasileiros do que outros? A Constituição não determina que todos são iguais perante a Lei? Por que para alguns a Lei não se faz presente? Até quando vamos permitir que as pessoas que são colocadas para administrar o patrimônio Nacional se preocupem apenas com os seus próprios interesses?
Um país em que a renda Nacional está distribuída de uma maneira tão desigual, não poderá crescer, pois quanto mais pobre a população, menor o valor dos impostos arrecadados ou seja, menor a capacidade do governo para investimentos públicos capazes de melhorar a vida dessa mesma população.
Esse mesmo Sr.Larry Summers diz que o Brasil está no caminho certo. Todos sabemos que a nossa carga tributária é uma das maiores do mundo. Como estamos no caminho certo, se poucas pessoas ficam com quase todo o bolo Nacional ? O Brasil é um dos países que apresenta maior concentração de renda, entre as 174 nações analisadas pelo relatório de 2000 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. A renda média dos 20 % mais ricos é 21.134 Dólares, equivale à de uma nação européia como a França- é 25,5 vezes maior que a renda média dos 20% mais pobres de , 828 dólares, quase igual à de um país africano, como o Congo. Ou seja, o primeiro grupo se apodera de 63,8 % da renda Nacional, enquanto o pobre apenas 2,5 % do total.
Todos sabemos que a maior causa da desigualdade social é a péssima distribuição da renda Nacional; todavia, o que contribui para que as pessoas não possam almejar a uma situação melhor é o difícil acesso à educação . Uma pessoa com pouca instrução terá maior dificuldade para arranjar uma boa colocação.
A maior conseqüência da concentração de renda é a condição precária, sem acesso às condições mínimas de saúde, educação e 2939 serviços básicos. Em 1999, 15 % dos brasileiros eram analfabetos, 24% não contavam com rede de distribuição de água e 35,4 % estão privados de redes de esgoto ou fossas sépticas.
Em 1999 cerca de 57 milhões de brasileiros, o que equivale a 35% da população, viviam em condições de pobreza, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Ipea considera pobres aqueles que possuem renda familiar per capita, mensal, inferior a meio salário mínimo (68 reais, na época) .
O Nordeste possui cerca de 30% da população,mas 62% dos pobres.
Em 1997 a proporção dos pobres era quase tão grande quanto era no final da década de 70. A principal razão para isso é a elevadíssima concentração de renda.
O estudo mostra também que apesar do Brasil ser o país da América Latina que mais gasta em programas sociais (ao redor de 5% do PIB), os maiores beneficiados acabam sendo as classes média e alta, o que contribui violentamente para manter a alta concentração de renda e o elevado índice de pobreza.
Em todas as oportunidades que tivermos para votar, que possamos escolher as pessoas que estejam comprometidas com o país. Como saberemos quais são estas pessoas? É fácil, é só ver o passado político e como se comportou o candidato no momento em que foram votados no Congresso Nacional assuntos de interesse geral e que poderiam melhorar a vida desse povo tão sofrido. E, se possível, saber na vida pessoal se o patrimônio do candidato tem origem, ou se é aquela pessoa que ficou milionária porque tinha acesso ao dinheiro público.
Paulo Mascarenhas