SE EU PUDESSE COMEÇAR TUDO DE NOVO
Este
é um daqueles artigos que nos transmitem tantos ensinamentos que ficamos com
vontade de passar para todas as pessoas. Por isso, resolvi colocá-lo no site,
pois com certeza todas as pessoas que lerem poderão
adquirir grandes ensinamentos. Bom proveito.
John M.Drescher
Conselhos
experientes de um pastor protestante com cinco filhos, sobre a arte de ser pai.
As palavras jorram da boca do homem sentado à minha
frente e seus olhos me imploram ajuda. “Que é que eu devia ter feito de maneira
diferente? Se os seus filhos voltassem a ser pequenos, que é que você faria? “ Ele estava experimentando o vazio e a angústia que se
apoderam de um homem quando seus filhos se afastam. Sentia que tinha falhado
como pai.
Suas perguntas
calaram no meu espírito.Que é que eu tinha aprendido
com a minha própria experiência como pai e durante os anos em que aconselhara
outros pais? Se fosse começar de novo, que faria para melhorar as relações com
as crianças? Depois de refletir uns instantes, tomei nota dos pontos que
considerava mais importantes.
*-Teria mais
amor a minha mulher. Na intimidade da vida familiar é fácil que marido e mulher
se habituem de tal modo à presença constante um do outro que deixem que a
monotonia interfira em sua relação- coisa capaz de destruir até o amor mais profundo.
Por isso eu me esforçaria por amar mais a mãe dos meus filhos, deixando-os
presenciar esse amor. Seria mais assíduo em demonstrar pequenas atenções-
empurrando sua cadeira à mesa, oferecendo-lhe pequenas lembranças em ocasiões
especiais, escrevendo-lhe quando estivesse ausente.
Uma criança que
sabe que seus pais se amam não necessita de muitas explicações sobre o caráter
do amor de Deus ou sobre a beleza do sexo. Ela sente o amor que existe entre
seu pai e sua mãe, e isso a prepara para reconhecer o amor verdadeiro em todas
as suas relações futuras. Quando os pais de uma criança costumam andar de mãos
dadas, ela dá facilmente a mão a qualquer pessoa; mas se eles caminham sempre
separados, ela já não o faz com tanta facilidade.
Será
sentimentalismo? Se o é, então quer dizer que precisamos dele em muito maior
quantidade. É freqüente haver mais sentimento antes do casamento e menos,
depois dele.
*-Eu encorajaria
o sentimento de grupo. Se uma criança não sente que pertence à família ( é que a lealdade e o amor fluem entre si e sua família),
não demorará muito a encontrar o seu grupo primário noutro lado. Há muitas
pessoas que, embora pertencendo ao mesmo agrupamento familiar, vivem em mundos
completamente separados. Muitas crianças só estão com os pais à hora do jantar;
outras passam dias sem os ver. O tempo que as crianças vivem com os pais chega
por vezes a não passar de alguns minutos por semana.
*-Eu
aproveitaria a hora das refeições para conversar sobre
os acontecimentos do dia, em vez de comer correndo. Tentaria tornar a hora de ir para a cama uma das coisas mais agradáveis. Sei
que esse momento pode facilmente se transformar em algo muito tenso, uma vez
que todos estamos cansados. No entanto, quando
perguntaram a certo jovem “Que é que o faz sentir que
pertence à sua família?, ele deu a seguinte resposta: “ Os momentos mais
felizes da minha infância foram aqueles em que minha mãe lia para nós antes de
a gente ir se deitar.”Sinto pena das crianças e das famílias em que os filhos
são enfiados às pressas na cama. Eu, por mim, arranjaria mais tempo para jogos
ou planos de que todos pudéssemos participar – criando assim oportunidades de
aprender atitudes de honestidade, consideração, respeito mútuo e simpatia.
Quando uma
criança sente que pertence à família, possui uma segurança que não lhe pode ser
dada por mais nada, e uma estabilidade que a defende contra o desprezo do grupo
e a dureza do mundo.
*-Riria mais com
meus filhos. Alguém disse que a melhor maneira de fazer bem às crianças é
torná-las felizes. Vejo agora que muitas vezes fui sisudo demais. Enquanto meus
filhos adoravam rir, eu, de certo modo, pensava que ser pai era unicamente um
problema.
Lembro-me das
peças cômicas que nossos filhos representavam para nós, das histórias que
traziam da escola e das vezes em que caí em suas brincadeiras e jogos de
palavras. Foram estas experiências felizes que deram uma dimensão maior ao
nosso amor e permitiram que fizéssemos muitas coisas juntos- e são elas que
hoje continuam a unir-nos.
*-Ouviria com
mais atenção os meus filhos. Para a maioria das pessoas, conversa de criança
não passa de um palrear sem importância. No entanto,
hoje creio que existe uma relação vital entre escutar as preocupações de uma
criança enquanto ela é pequena e quanto ela vai partilhar os seus problemas com
os pais quando for adolescente.
Se os meus
filhos voltassem a ser pequenos, eu iria me impacientar menos quando eles me
interrompessem a leitura. Conheço a história de um garoto que tentou várias
vezes mostrar ao pai um arranhão que tinha no dedo. Por fim o pai parou de ler
e disse com impaciência: “ Mas que é que você quer que
eu faça?” “ Bastava dizer “uhn!” papai”,
reclamou o menino.
Certa vez eu
estava com um pai a quem um filho pequeno chamava e voltava a chamar, sem que
ele lhe respondesse. “É apenas o garoto chamando ,
disse o homem; e eu pensei comigo: Não será preciso muito para que o pai chame
o filho e este diga que é apenas o velho chamando.
*-Seria mais
encorajador. Creio que não há nada que estimule mais uma criança a amar a vida,
a procurar realizar-se e a ganhar confiança do que elogiá-la sinceramente nos
momentos em que proceder bem.
Quando Sir
Walter Scott tinha 15 anos , foi certa vez convidado a
uma casa onde se encontravam algumas personalidades literárias muito conhecidas.
Robert Burns estava admirando um quadro que tinha uns versos escritos por baixo
e perguntou quem era o autor. Ninguém parecia saber a resposta, até que por fim
o jovem Scott disse quem era. Consta que Burns ,
surpreendido e encantado, exclamou: “Ora veja! Um dia você ainda vai ser um
grande homem na Escócia!” A partir de então, Walter tornou-se um rapaz
diferente, que confiava na sua própria grandeza.
Tenho certeza de
que o encorajar é uma disciplina melhor que o culpar ou repreender. Isso de
criticar sempre tira da criança a segurança em si mesma, enquanto encorajá-la
lhe dá confiança e a ajuda a amadurecer. No mais profundo da natureza humana,
há sempre o desejo de ser admirado.
Assim, se eu
estivesse começando a formar família, insistiria no elogio diário, recordando o
conselho de Goethe de ver não só o que a criança é agora, mas aquilo que poderá
vir a ser.
*-Procuraria dar
a conhecer Deus mais intimamente. Não somos pessoas completas se insistirmos
unicamente no nosso lado físico, social e intelectual. Nós somos seres
espirituais. Se o mundo é conhecer Deus e a sua vontade, então os pais devem
ser os primeiros a transmitir isso. Pela minha parte eu tentaria partilhar
minha fé com as crianças aproveitando ambientes informais e acontecimentos não
planejados. Daria mais atenção às coisas que meu filho descobrisse ou que o
preocupassem, e encontraria neste procedimento uma maneira natural de discutir
verdades espirituais.,
Perguntaram
certa vez a um célebre professor inglês: “ Em que
parte do seu programa inclui você o ensino da religião? “ “ Ensinamo-la o dia
inteiro” , respondeu. “Ensinamo-la na matemática, pela precisão; na literatura,
aprendendo a saber dizer aquilo que queremos; na
história, pela humanidade; na geografia, alargando o espírito; nos trabalhos
manuais , pela perfeição; e nos jogos, pela honestidade. Ensinamos religião
ensinando a tratar bem os animais a ter maneiras e a ser verdadeiro em todas as
coisas”
Lembro-me de um
menino que numa noite, cheio de medo dos trovões, chamou: “ Vem
aqui, papai. Estou morrendo de medo!” “ Meu filho” , respondeu o pai, “ Deus o
ama e cuidará de você.” “ Eu sei que Deus me ama”, volveu o garoto” mas o que
quero agora é alguém de carne e osso.”
Se eu começasse
de novo a minha família, era isso que eu quereria ser acima de tudo: o amor de
Deus, mas em carne e osso.
John M.Drescher
Transcrito por
Paulo
Mascarenhas