Relacionamento Médico Paciente

 

            Recentemente ao ler uma entrevista de um psiquiatra americano, Dr. Robert Klitzman, professor da Universidade de Columbia, Nova York, USA, que escreveu o livro “Quando Os Médicos Se Tornam Pacientes”, versando sobre o tema que intitula este artigo, despertou-me a vontade de escrever sobre a indagação que sempre havia sensibilizado a minha alma:- por que será que muitos médicos se sentem acima das doenças e dos doentes?

            Em verdade, é da natureza humana sempre valorizar uma experiência dolorosa após provar o que seja a dor. A alegria pode causar até inveja, mas a dor é gregária! Ninguém está livre de passar por uma experiência cruel, que muitas vezes se revela um bem, pois nos torna mais humanos e sensíveis aos nossos semelhantes.

            “Vi muitas vezes outros médicos se referindo aos pacientes como um ‘deles’, não como ‘um de nós’, e quase sempre os olhando de cima para baixo." - palavras do Dr. Robert Klitzman.

            Nas pesquisas que o Dr.Robert fez, para escrever o seu livro, uma de suas principais constatações registradas foi de que os médicos entrevistados, após adoecerem, voltaram-se para as questões espirituais, com maior interesse.

            Embora muitas pessoas neguem que somos seres espirituais, e digam que tudo acaba aqui, por que nas horas de desesperos e de aflições, estas pessoas olham para o alto e clamam por misericórdia? Não faz a menor diferença para Deus que os materialistas neguem a Sua existência, porque ele continua sendo O Deus que tem o poder sobre a vida e sobre a morte. Palavras de Jesus: “É me dado todo o poder no céu e na terra...” Mateus 28.18.

            Aliás, a maneira como os médicos aprendem nas faculdades, “os levam a ajustar-se à hierarquia médica, da qual obviamente fazem parte. Eles sempre vêem um médico experiente acima deles e os pacientes na última escala do ranking” (Dr.Robert Klitzman). As universidades deveriam levar mais a sério a formação dos futuros médicos, pois o ser humano não é um fígado, um coração, um rim; somos um todo, pois somos formados de corpo, alma e espírito e a parte mais importante é o espírito. Muitos médicos tratam os pacientes sem o menor sentimento de solidariedade e sensibilidade; não os tratando, como certamente gostariam de ser tratados, pois a maneira fria e apressada como prestam os seus serviços nos leva a crer que lhes falta o sentimento de humanidade e do amor cristão.

            O momento histórico que vivemos induziu as pessoas a se esquecerem de viver uma vida abundante e rica. Negam o valor do “ser” e transferindo importância para o “ter”, ou seja, o que importa é possuir cada vez mais coisas materiais e em busca destas coisas o que interessa é ganhar cada vez mais $$$, e assim, nos tornamos pessoas insensíveis e materialistas. Na ambição de correr atrás do dinheiro muitas pessoas estão se esquecendo de todos os valores de ordem moral e espiritual. Lembro o caso daquele fiscal (o Silveirinha), que pediu para tirar o seu sobrenome do filho, para que ele não fosse envergonhado, no futuro, por carregar um sobrenome tão desonrado.

            Os médicos, por serem muitas vezes mal remunerados, são obrigados a pular de um plantão para outro, sem tempo para estudar e sem recursos e tempo para viver de forma mais digna. Requerem a atenção do governo para corrigir as insignificâncias pagas por procedimentos complexos, no SUS. A situação atual pode explicar porque muitos profissionais da área médica estão sempre correndo e dando a impressão de estarem desinteressados pelos seus pacientes.

            A medicina para mim, e creio: para todos, é um verdadeiro sacerdócio! Há que ter muito amor pelo próximo e vontade de servir.

 

Paulo Mascarenhas