O que  será viver bem?

 

 

Quem sabe possamos algum dia entender o porquê de tantas atitudes que algumas pessoas tomam e que normalmente consideramos de uma grandiosa insanidade. Tudo na vida tem a ver com o que consideramos como importante e que vale a pena. É lógico que na maioria das vezes o que é importante para você pode não ser para o seu semelhante. Todavia, existem certos valores que são inerentes a todo ser humano e com certeza, entre estes valores, o mais importante é o valor da vida.

Toda pessoa quer ver  Deus, mas com certeza ninguém quer morrer! Então, por que tantas pessoas, em algum momento de suas vidas, resolvem se suicidar?  O suicídio vem sendo estudado por psicólogos, psiquiatras, filósofos, teólogos, enfim, uma grande quantidade de estudiosos; com certeza apenas os casos em que realmente a pessoa já tinha um histórico médico que facilitaria o entendimento, podemos considerar como resolvidos. Mas, e os outros casos em que a pessoa era completamente sã e ainda assim tomou esta atitude que consideramos insanidade?

Acredito que tem muito a ver com a nossa paz interior. Hoje estão se multiplicando as academias onde se praticam as meditações transcendentais e tudo que possa equilibrar a mente da pessoa. Todos sabemos que as práticas orientais têm um passado de mais de 3000 anos. Com certeza eles entendem do assunto.

E o que esta filosofia  deixa bem claro e consideram como uma das metas importantes do aprendizado é a questão do apego. É interessante como somos apegados às coisas. Evidentemente que o apego natural sem escravidão, é saudável. A pessoa pode estar sentada em uma cadeira de ouro e não estar apegada, já a outra pode estar sentada em uma cadeira corroída pelo cupim e estar muito apegada. Ambos possuem apego, mas o que está escravizado às coisas, sofrerá muito quando a perder. E o outro que apenas usava a cadeira sem apego, não sofrerá. As coisas foram feitas para nos servir, e não para que sejamos seus escravos; isso vale para tudo, até para o dinheiro, pois existem pessoas que são escravas dele.É lógico que existem outros tipos de escravidão como as drogas, o sexo, a comida, enfim, muitos outros. Aqui me refiro apenas às coisas. Mas a escravidão ao dinheiro é uma das piores, pois esta pessoa fará tudo por ele. Alias, a Bíblia, com muita propriedade já fala que a raiz de todos os males é o dinheiro. E a cada dia nós temos mais certeza desta afirmativa do livro sagrado.

Quando perdemos o sentido do que realmente seja importante, invertemos as prioridades de nossa vida.Quanto vale um sorriso de um filho saudável, a alegria de poder desfrutar de uma boa refeição, ou de um belo passeio; uma amizade ,uma boa ópera, um excelente filme, ver um lindo jardim florido, o cantar dos pássaros, uma linda música, enfim, poderia me estender por uma grande quantidade de coisas que realmente embelezam e enchem uma vida feliz. Mas as pessoas estão tão preocupadas com o que chamamos ganhar a vida, que nesta grande procura acabam perdendo de vista a vida abundante e feliz que poderiam ter se fossem mais simples em seus desejos.

Na sociedade de consumo que vivemos acabamos por seguir o que é considerado pelas técnicas de marketing como importante. E o mais grave, é que também fazemos o julgamento das pessoas pela quantidade de coisas que esta pessoa acumulou pela vida afora. Ou seja, quanto mais coisas a pessoa possuir, mais importante ela será. Existe até uma revista dedicada a alimentar este tipo de filosofia, que apresenta as belas casas, carros , piscinas e lindas e grandiosas propriedades que estas pessoas consideradas “vitoriosas” possuem.

E o que vemos no dia-a-dia é que estas pessoas quando têm um revés financeiro e perdem seus patrimônios, não eram tão vitoriosas assim, pois uma grande maioria entra em extrema depressão e muitas vezes se suicidam. 

Quem sabe aí não está o caminho para entendermos que não precisamos de uma grande quantidade de coisas para sermos felizes nem para sermos importantes, nos valemos pelo que somos e não pelo que temos. O importante não é ter e sim ser.

A primeira coisa que estas pessoas com tanto patrimônio perdem, é a liberdade, pois não podem mais levar uma vida normal. Estão sempre assombradas com seqüestros e desconfiam de todos. Não encontram verdadeiros amigos, pois nestes ambientes não existe amizade, e sim interesse. No momento em que alguém cai em desgraça, os amigos desaparecem.Acreditem, esta é a realidade que vivemos em nossos dias. E o incrível é que as pessoas não acreditam e querem pagar para ver.

Há um tempo atrás uma revista de circulação nacional colocou a Xuxa na capa com a chamada “Xuxa está em depressão.” É lógico que ela faz parte das pessoas que se enquadram nas chamadas camadas milionárias, e há tempo  perderam a liberdade. Vivem cercadas de seguranças  e devem de alguma forma viver com medo de tudo e de todos. Creiam que isto não é tipo de vida que a pessoa que pretenda ser feliz deseja.

Quer tenhamos muitos bens, quer tenhamos poucos bens, a diferença será o preço que pagaremos por eles. Será que vale a pena ter tantos bens e perder o contato com a família, perder a saúde, perder a paz de espírito, enfim perder tudo de lindo que a vida tem para nos oferecer!? Creio que o preço que pagaremos por ter menos bens, será o preço da nossa verdadeira felicidade.

Será melhor ter uma vida mais simples, sem tantos compromissos sociais e preocupação em estar sempre apresentando um sorriso falso, uma aparência de quem está vendendo saúde, posturas programadas, ou o compromisso de estar sempre demonstrando o que as pessoas esperam de quem seja “ vitorioso”.  Com certeza a pessoa viverá mais e o importante, mais feliz e com saúde mental, sempre pronto para o que der e vier.

Nós precisamos de vida para usufruir as coisas, e não de coisas  para usufruir a vida.

 

           

            Paulo Mascarenhas