CONFLITOS
Escrevi
este artigo em Fevereiro de 1998.
O
engraçado é que ele em 10 anos,
(com
algumas poucas diferenças para melhor)
parece que foi escrito ontem.
Viriato
foi um líder do povo lusitano. O poderoso exército do Império Romano por várias
vezes tentou vencê-lo, mas sempre era derrotado. Iniciou-se então uma busca
para detectar as pessoas que gozavam de sua intimidade e confiança com o fim de
assassiná-lo. Ataulco, Ditalcon e Minuro entre os
mais chegados a Viriato, foram identificados como os de acentuada fraqueza de
caráter, que leva à corrupção e à traição.
Após
terem executado o hediondo crime, único meio de subjugar este valoroso
ancestral de nossa civilização, foram receber a recompensa. Mas a resposta dada
por Roma foi maravilhosa: “Roma não
premia traidores”.
Este
fato, além de sua riqueza moral, é atual pelas oportunas advertências que
contém. Dele tiramos a lição, dentre outras, de que a traição tem entre os
corruptos o seu grande e rico celeiro.
Vivemos
em um país onde uma única pessoa da classe A consome tanto quanto 1280 da
classe E. A classe E é a família com renda inferior a 3 salários mínimos e a
classe A, a família com renda mensal acima de 35 salários mínimos, que
corresponde a 8 % da população brasileira, que consome 62% do que é consumido a
nível nacional.
A
filosofia do mundo atual se resume na frase não muito cristã de “levar vantagem
em tudo” e assim caminhamos com um modelo existencial onde os derrotados, os
humildes e massacrados se multiplicam assustadoramente. Essa imensa
concentração de riqueza e de privilégios é muito perigosa para a nação como um
todo.
Por
que as empresas brasileiras só conseguem recursos a 26% ao ano e os monopólios
estrangeiros recebem do BNDS a 2% ao ano? (“ Hora do Povo- 04/06/97).
O
industrial brasileiro paga US$ 2,68 por hora a seu trabalhador, ou seja, 6,06
vezes menos que paga o empresário francês ou 6,11 vezes menos do que o salário
do operário norte americano. Dizem que tudo na França e nos EUA é mais caro do
que no Brasil, o que justificaria a diferença salarial. Vamos ao chamado
“índice “Big Mac”, (Clovis Rossi-8/07/97) o novo “indexador” para comparar, indicador
do poder aquisitivo no mundo, índice
este referendado na edição de 28/04/97
da “ Revista da Industria”: o “Big Mac” custa nos EUA menos que no Brasil (US$
2,81 aqui contra US$ 2,41 lá). Na França custa US$ 3,04, um pouco mais do que
no Brasil, mas com uma diferença
inifinitamente inferior à diferença salarial na industria.
Ortega
Y Gasset em seu livro “Rebelião das Massas”, já nos ensinava a característica
do homem-massa que encontramos em todas as classes sociais: é aquele que não
tem projeto de vida próprio nem participa de qualquer objetivo coletivo; vive
na inércia e à deriva, não se compromete
em nada que não seja de seu interesse
imediato, sem nada oferecer de si; é implacável no que considera seus
direitos, usufrui da cultura que não entende, despreza a civilização em que
vive. Gente incompetente, desfibrada, subserviente ao poder; vigaristas,
oportunista e traidores.
Infelizmente
elegemos muitos homens-massas para o
nosso congresso. Encontram-se hoje no congresso Nacional e no Senado Federal,
fantasiados de defensores do povo, usando mascaras de honestos, uma grande
quantidade de “brasileiros” que pensam apenas nos próprios interesses.
“O
Quércia tem um bilhão de dólares que não trabalhou para ganhar”. (“No Pais dos
conflitos”- Ciro Gomes –pag 45). E este homem esteve nos píncaros do comando em
nosso país..
Felizmente,
ainda existem homens e mulheres que estão verdadeiramente interessados no
destino de nosso povo e no Brasil, é mister que votemos bem. Para tal
precisamos ser bem informados através da leitura crítica de jornais e revistas
e cultivarmos a memória; apagando a pecha de que o eleitor brasileiro “não tem
memória”!
Que
Deus possa nos ajudar a afastar de nosso país estes corruptos, mercenários,
déspotas, mau caráter e entregadores da pátria que proliferam em nosso país.
Paulo Mascarenhas